27 de maio de 2014



Tudo é manso lá fora:
O canto do canário,
as folhas secas estalando no ciscar da ave.
Na sombra larga da mangueira,
o cão dorme aos pés da mulher
de ar pensante,que vagarosamente,
debulha o milho por sobre o avental azul.
Há um murmúrio naquele lábio quase triste,
de quem nunca provou das travessias:

(no final daquela curva,
 a araucária  plantada,
fincou o desgosto de um desvio.)

O menino está no berço.
No centro da mesa,sopa e pão.

A mulher debulha as horas.
Debulha o milho.
A inexatidão.


Patrícia Vicensotti





2 comentários:

  1. E é sereno tranquilo de uma tarde no campo (que ainda não escureceu), que encontro lendo seu poema. Oh, que beleza! Adoro ler o que escreves. Adoro ver a vida leve que colocas aqui. Beijo

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Signifique.
Deixe na vida alguma coisa terna.
Eterna.

(Patty Vicensotti)